sábado, 2 de abril de 2016

Produto químico bactericida usado em alguns tipos de sabonetes, pastas de dente, pode comprometer a função muscular.

Produto químico bactericida usado em alguns tipos de sabonetes, pastas de dente,

 pode comprometer a função muscular.



Pesquisadores da Universidade da Califórnia e do Colorado, nos EUA, apontam que um produto químico bactericida usado em alguns tipos de sabonetes, pastas de dente, enxaguantes bucais, desodorantes e detergentes pode comprometer a função muscular. Pesquisa nos EUA foi feita apenas com animais, como peixes e roedores.
O estudo analisou o comportamento de peixes e camundongos em relação à substância triclosan. Foram aplicadas doses semelhantes às que as pessoas usam no dia a dia.
Os resultados aparecem na edição desta semana da revista científica “Proceedings of the National Academy of Sciences” (PNAS).
Segundo os autores, o composto – no mercado há mais de 40 anos – impede contrações musculares, o que diminuiu a velocidade do nado nos peixes e a força dos roedores avaliados. O triclosan atinge as fibras musculares esqueléticas e células cardíacas, o que poderia pôr em risco a sobrevivência dos animais, no caso de um predador aparecer.
O professor Isaac Pessah, do Departamento de Biociências Moleculares na Escola de Medicina Veterinária em Davis, que pertence à Universidade da Califórnia, diz que o triclosan é encontrado na casa de quase todas as pessoas e pode ser um motivo de preocupação para a saúde humana e o meio ambiente.
Além dos produtos de higiene e limpeza já citados, a substância compõe a fórmula de roupas, roupas de cama, tapetes, brinquedos e sacos de lixo.
A Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) dos EUA estimou, em 1998, que mais de mil toneladas de triclosan eram produzidas anualmente no país. Os resíduos do produto podem ser detectados em rios e mares, no organismo de animais aquáticos (como peixes e golfinhos), e no sangue, urina e leite materno de seres humanos.
Segundo a agência americana Food and Drug Administration (FDA), que regula remédios e alimentos, com exceção do uso em algumas pastas de dente para prevenir gengivite, o triclosan não oferece mais benefícios à saúde.
Isso vale para outros sabonetes bactericidas, que não seriam mais eficazes que sabonetes normais e água. Além disso, um uso excessivo desses produtos poderia favorecer o desenvolvimento de bactérias resistentes. Agora, a FDA e a EPA estão fazendo novas avaliações de risco desse produto químico.
O G1 procurou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para saber detalhes sobre a regulação do triclosan no Brasil, mas funcionários do órgão, que estão em greve desde o dia 16 de julho, só se pronunciaram na sexta-feira (17).
Segundo a agência, o triclosan está regulamentado por meio da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 29/2012, com a função de conservante em produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes. Existem também produtos para saúde regulados pela Gerência de Tecnologia em Materiais de Uso em Saúde (Gemat) que têm em sua composição a substância triclosan, como curativos e fios de sutura.

Triclosan onipresença indesejável

Resistencia bacteriana
Estudos definem o triclosan como pertencente ao grupo dos fenóis e éteres. Ele é considerado um éter difenil policlorado (PBDE), capaz de inibir o desenvolvimento de fungos, vírus e bactérias. Em baixas concentrações, ele impede o desenvolvimento de bactérias; e em altas concentrações, ele provoca a morte destes organismos. Os fenóis, por sua vez, são tóxicos para seres vivos, provocando efeitos danosos à saúde (como a progressiva perda de peso e diarreia) e é altamente prejudicial para pele, olhos e mucosas humanas, fazendo com que essas partes tornem-se vulneráveis à absorção de outras substâncias.
Onde pode ser encontrado?
Depois de ter uma ideia dos efeitos sobre a saúde que o triclosan pode causar, você poderia deduzir que seria raro encontrá-lo em produtos comercialmente vendidos, certo? Errado! O triclosan é utilizado em uma enorme variedade de produtos de consumo, tais como: sabonetes, pastas de dentes, desodorantes, sabão para lavar roupas, antissépticos, objetos de primeiros socorros com função antimicrobiana, roupas, sapatos, carpetes, plásticos próprios para serem utilizados em alimentos, brinquedos, roupas de cama, colchões, adesivos, em equipamentos como ar-condicionado, tintas, mangueiras de combate a incêndios, banheiras, equipamentos de produção de gelo, borrachas, escovas de dente e, para arrematar, é utilizado também como pesticida.
Regulação
No Brasil, o componente é regulado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), sendo que a máxima concentração autorizada é de 0,3% em produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes. A ANVISA não apresenta nenhuma recomendação de limitação ou de condições de uso e advertência.
Nos Estados Unidos, o triclosan é regulado por duas agências, a Environmental Protection Agency (EPA) e a Food and Drug Administration (FDA), de maneira que a substância é regulada pela EPA em sua utilização como pesticida, e pela FDA em sua utilização no restante dos produtos citados anteriormente.
Efeitos
Existem muitos estudos que apontam para o fato de que triclosan propicia a resistência bacteriana, que nesse caso envolve a aquisição da capacidade de resistência de uma espécie bacteriana ao antimicrobiano, por meio de alteração no seu DNA. Em outras palavras, significa que o uso de produtos que contenham o triclosan pode fazer com que as bactérias que queremos eliminar se tornem cada vez mais resistentes e presentes, superbactérias, não resultando seu uso em efeito qualquer depois de algum tempo, ou ainda é possível que após deixar de usar um cosmético (como o desodorante, que contém triclosan como principal ingrediente), o efeito causado seja o agravamento daquilo que se quer evitar, ou seja, no caso dos desodorantes, o mau odor na área das axilas será mais forte, já que as bactérias tornaram-se resistentes e agora em maior número. O perigo deste processo também está relacionado à resistência bacteriana de espécies que são consideradas patogênicas para os seres humanos. Como consequência, o triclosan pode contribuir também para a resistência a antibióticos, e isso representa possíveis impactos negativos sobre a saúde humana.
Com relação a outras espécies de seres vivos, alguns estudos apontam para a toxicidade desse éter aos organismos aquáticos (como as algas, peixes e invertebrados), podendo causar, a longo prazo, efeitos nesse ambiente. Um dos efeitos seria a desregulação do sistema endócrino, por meio de alterações dos níveis de hormônio na tireoide. Além disso, existem evidências de que o triclosan possui propriedades que favorecem a bioacumulação nas mesmas espécies aquáticas.
Outro aspecto importante está relacionado à capacidade que o triclosan possui de modificar o desenvolvimento de microrganismos aquáticos, que são importantes, entre outras coisas, para a degradação de matéria orgânica. E o triclosan chega a corpos hídricos por meio de lançamento de efluentes de Estações de Tratamento de Esgoto (ETE). Ou seja, observe que o fato de utilizar substâncias que possuem esse componente em sua formulação, para além dos riscos à saúde do consumidor, é capaz de desencadear efeitos nocivos sobre a fauna e flora com as quais entra em contato através da poluição causada por seus resíduos pós consumo ao serem despejados nas redes de esgoto ou outras vias quaisquer.
O triclosan pode afetar, ainda, o funcionamento de músculos. Segundo pesquisa, ele é capaz de reduzir as atividades musculares, afetando o músculo mais importante do nosso corpo, o coração.
Alternativas
Atualmente, já existem no mercado produtos que excluem da sua formulação o triclosan (conheça alguns deles aqui, aqui e aqui), que, ao invés de utilizá-lo, fazem uso de antimicrobianos naturais, como os óleos essenciais de alecrim, alecrim do campo, pitanga, cravo da Ìndia, camomila e canela. Este último, aliás, foi considerado por um estudo o óleo antimicrobiano mais eficiente e sustentável.
Outra substância menos agressiva pela qual você pode procurar nos rótulos dos produtos é a pedra hume, conhecida também como alúmen de potássio. Ela possui ampla utilização em processo de purificação de água e aplicações em cosméticos, agindo como antisséptico e cicatrizante. O bicarbonato de sódio também é outra alternativa, podendo ser usado para fins de higiene e limpeza.

Estudos associam componente de produtos de higiene a alergia e outros problemas

Um estudo da Universidade Tufts, de Boston (EUA), coordenado pelo professor e doutor Stuart B. Levy, apontou que até o meio da década de 90 existiam pouco mais de uma dúzia de produtos antibacterianos para uso doméstico. Hoje em dia são mais de 700, de todos os tipos: sabonetes, pasta de dentes, detergentes, produtos de limpeza no geral e loções para mãos, entre outros.
O aumento mostra como a sociedade está cada vez mais obcecada com a limpeza. A propaganda e a mídia contribuem com a preocupação coletiva, “reforçando a ideia de que é preciso uma proteção extra para as pessoas se sentirem mais seguras”, afirma a médica Valeria Petri, professora titular do departamento de dermatologia infecciosa e parasitária da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Muitos dos produtos destinados a combater germes contêm triclosan, uma substância que já foi associada, em estudos, a casos de alergia, problemas hormonais em animais e riscos ambientais, além de promover a resistência de bactérias e prejudicar o sistema imunológico.
Não é de hoje que pesquisas atestam que a defesa imunológica é estimulada pelo contato com micro-organismos. Algumas evidências científicas comprovam que crianças que vivem em ambientes muito limpos desenvolvem mais alergias, por exemplo.
É o que mostrou um estudo realizado recentemente pela Escola de Saúde Pública da Universidade do Michigan. Segundo ele, jovens que são superexpostos a sabonetes antibacterianos com triclosan podem sofrer mais com alergias.
O uso do triclosan é autorizado no Brasil pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O componente pode ser adicionado, em quantidades pequenas, a produtos cosméticos e de higiene pessoal, na proporção de 0,3%. Essa porcentagem, segundo a Anvisa, está dentro das concentrações estabelecidas como limite de segurança.
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Nota Notícias Naturais: Apesar da regulamentação do uso do Triclosan pela Anvisa em no máximo 0,3%, encontrei dois sabonetes líquidos com 0,5%:
– Sabonete Líquido Antisséptico Triclosan 0,5% Refil 800ml PREMISSE
– SAB. LIQ. ANTISSÉPTICO (0,5% TRICLOSAN)
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