domingo, 6 de maio de 2012

A homeopatia e o espiritismo

A homeopatia é uma terapêutica espiritualizada; ela não lida apenas com os aspectos materiais da doença, mas também se preocupa com o desenvolvimento espiritual das pessoas. Kent admitiu que a susceptibilidade humana às doenças é um reflexo de sua imperfeição espiritual. Michael Weiner chegou a perguntar: “Será a homeopatia um sistema teleológico para a expiação individual do Pecado Original?” e acentuou que a homeopatia pode ajudar a remover camadas de ignorância, cegueira e egoísmo que atrapalham a psique individual em sua luta pela liberdade.

Embora eu considere que Weiner tenha exagerado o alcance da homeopatia, concordo plenamente com ele no que diz respeito ao fato de que o homem está vitimado pelo pecado, espiritualmente escravizado e necessitando urgentemente de liberdade, de libertação. A homeopatia, no entender de muitos dos seus adeptos, ao harmonizar interiormente as pessoas, cria um ambiente melhor no qual o intelecto e o espírito podem funcionar mais adequadamente. Daí os homeopatas afirmarem que a ciência de Hahnemann auxilia “o fluxo das energias espirituais e celestiais”, no dizer de Willian Henry Schwartz.

Concordo. Mas a homeopatia não é suficiente. A questão do pecado no homem é muito mais profunda e requer uma solução muito mais abrangente. Neste momento, lembro-me do que Jesus afirmou em duas ocasiões: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”; e: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Disse mais, referindo-se a si próprio: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”. Em Jesus está a libertação, a solução para o pecado original — e para todos os pecados não tão originais assim cometidos pelos homens o tempo todo e em todos os lugares.

Qualquer pessoa familiarizada com o Evangelho, encontra nele as palavras da salvação: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus [...] E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade”. Como você pode perceber, o Verbo, Jesus, assumiu a semelhança da natureza humana a fim de poder salvá-la do efeito do pecado, a perdição eterna — perdição esta que não se concretiza sem antes afligir o homem com toda a sorte de doenças e sofrimentos, durante o nosso “percurso terrestre” e, posteriormente, durante toda a eternidade.

Mas Jesus de Nazaré, como vimos, é o similimum do pecado. Referindo-se à encarnação do Senhor, o apóstolo Paulo declarou ipsis verbis em sua Epístola aos Romanos: “Deus enviando seu próprio Filho em semelhança da carne do pecado, e por causa do pecado, na carne condenou o pecado”. Ou seja, a doença (o pecado) foi curada pelo homeopático gesto do Salvador. Em dose única. O livro sagrado dos cristãos revela que “Cristo, oferecendo-se uma só vez para levar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação”. E é para ele que devemos nos voltar. Nossa experiência espiritual deve ser tal que se assemelhe à dos apóstolos no dia da transfiguração do Senhor: “E, erguendo eles os olhos, não viram a ninguém senão a Jesus somente”.

Um esclarecimento

A homeopatia tem sido utilizada (em muitos casos de maneira correta) por médiuns espíritas e por profissionais de saúde espíritas, muitas vezes através de rituais de invocação de espíritos, os quais revelam os medicamentos a serem prescritos. Em seu livro O Direito Popular do Uso da Homeopatia no Brasil, o professor José Alberto Moreno escreve sobre a utilização da homeopatia no espiritismo, destacando a existência de uma homeopatia “científica” e outra homeopatia “espírita”. Segundo ele, a diferença entre uma e outra está na forma de indicar, receitar ou escolher o medicamento: na homeopatia “científica” é feita uma anamnese detalhada dos sintomas apresentados pelo paciente e a partir dessa anamnese, o homeopata pesquisa a matéria médica em busca do medicamento semelhante. A homeopatia “espírita”, segundo José Alberto, “não realiza a anamnese dos médicos. A escolha do medicamento depende da sensibilidade do médium que, fechando os olhos ou não, recebe o nome do medicamento homeopático próprio para aquela pessoa”.


Pessoalmente, como cristão, tenho sérias restrições à doutrina, à filosofia e à prática religiosa espíritas. Porém admito a possibilidade psíquica de se receber “intuições”, inclusive de se intuir qual medicamento uma pessoa doente deve tomar. Entretanto, há de se tomar os cuidados necessários. Concordo com o autor, quando ele cita os agentes de saúde, os práticos, os orientadores, os terapeutas energéticos, os quais “possuem conhecimento dos medicamentos homeopáticos através do estudo intelectual e de análises mentais. Mas, ao mesmo tempo também estão fazendo práticas de harmonização que estabilizam a frequência mental com a frequência da sensibilidade espiritual. No momento da escolha de um medicamento, os canais de percepção mental e espiritual desses profissionais estão harmonizados e alinhados facilitando a sintonia com o campo energético do cliente”.

Sendo um homem de fé, é claro que eu creio na influência espiritual sobre nossas vidas e concordo quando o autor escreve sobre o que ele chama de “energias superiores”, afirmando que tais energias “se manifestam em qualquer pessoa que esteja com o coração aberto, seja espírita, médico, católico, prático ou protestante, desde que esteja realmente buscando a ajudar o seu semelhante a viver uma vida mais harmonizada”. Aliás, o apóstolo Tiago ressaltou que quem sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado. A prática do bem deve estar, portanto, acima de qualquer rótulo religioso, profissional, ou outro qualquer. Mas isto não quer absolutamente dizer que a homeopatia seja uma prática espírita, ou que seja de origem espírita. Não é. O criador da homeopatia, Hahnemann, não era espírita, como creem alguns; pelo contrário, era de formação protestante luterana.

O espiritismo ganhou popularidade no Brasil à época da proclamação da República e é de se destacar que sua afinidade com a homeopatia não foi reconhecida senão com reservas por Alan Kardec. O codificador do espiritismo encontrou parecença entre o fluido magnético espírita e a força vital da homeopatia, mas só aceitava a possibilidade de cura espiritual por meio da doutrinação e da mudança de comportamento, sem o uso de medicamentos. Não obstante esses pudores por parte de Kardec, os médiuns espíritas receitistas continuaram utilizando a homeopatia e ironicamente acabaram contribuindo, talvez mais que os próprios médicos, para a continuidade da prática da homeopatia em solo brasileiro. Aliás, a evidência histórica demonstra de forma contundente que a homeopatia foi preservada no Brasil, à revelia da medicina oficial, por alguns médicos, é certo, mas principalmente por uma maioria de assim chamados leigos (porém não leigos quanto à homeopatia certamente, visto terem feito dela um sucesso consagrado, durante cento e quarenta anos depois dela ter chegado ao nosso país em 1840, até ter o reconhecimento da medicina oficial, o que só ocorreu em 1980). A Dra. Madel Therezinha Luz, do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro — UERJ, ao discorrer sobre isto, ressaltou que “graças aos manuais, às farmácias, aos padres, aos ‘práticos’, à gente comum do povo, a prática da homeopatia se desenvolveu” na nossa sociedade (*). Entre esses práticos, essa gente comum do povo, encontravam-se os médiuns espíritas. Entretanto, as mentes esclarecidas concordarão comigo, isto não torna a homeopatia uma atividade “espírita”.

Cito a seguir o depoimento do missionário protestante Francisco Leonardo Schalkwijk e de sua filha Adriana Schalkwijk Ribeiro, médica homeopata, publicado na revista Ultimato, no 222, de maio de 1993, que se torna muito esclarecedor a respeito deste assunto.

“Somos holandeses. Nossos avós e bisavós sempre usaram a homeopatia e nunca ouvimos falar de suas ligações com o espiritismo. Grandes líderes da igreja evangélica da Holanda apoiaram e estimularam a homeopatia. Um deles era o pastor Abraham Kuyper, que chegou a ser o primeiro-ministro do governo (1901). Ele fundou uma universidade cristã em Amsterdam (1880), sob o lema de que não há nenhum centímetro da vida sobre o qual Cristo não dissesse: ‘É meu!’. Kuyper não era sincretista. Ao contrário, enfatizava muito a antítese entre as coisas de Deus e as do Diabo, inclusive na filosofia. Pois bem, este notável cristão defendeu ardorosamente a criação de um departamento homeopático dentro da faculdade de medicina.

“Só quando chegamos ao Brasil como missionários em 1956, é que percebemos como o espiritismo usava a homeopatia, inclusive em seus esquemas filosóficos. Mas dá para entender, porque o Brasil é um país com muita sede religiosa. Somos (consideramo-nos parte desta nação) o único país em que o próprio positivismo se tornou uma religião! Além disto moramos numa terra de Canaã, onde o sensualismo e o espiritismo eram dois males sociais. Deus, porém, não teve medo de enviar o seu povo de Israel para morar no meio daquela cosmovisão. Mas exigiu que eles santificassem aquele ambiente e não se contaminassem com as suas abominações. O fato de existirem homeopatas espíritas não significa que a origem da homeopatia seja espírita. Não é.”

Oportunamente, os Schalkwijk recomendam no final do seu depoimento que devemos “fazer clara distinção entre fatos e interpretação de fatos. Fato é que Hamamelis D6 combate sangramentos; filosofia é que Hamamelis C100.000 afeta o homem ‘astral’, etc.”

Minha conclusão é que mesmo que a homeopatia seja porventura até mal utilizada por alguns, isto não quer dizer que ela se torna necessariamente abominável e deve por isso ser evitada. Não. Como diriam os antigos habitantes do Lácio, “Abusus non tollit usum”, ou seja, o abuso não impede o uso. Parafraseando o professor Pasquale Cipro Neto, da TV Cultura, “é isso aí ”.

+Bispo José Moreno texto extraído: http://bispomoreno.wordpress.com

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(*) Ciência Hoje, órgão da SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, vol.7/no 39, janeiro/fevereiro de 1988

[Texto extraído do livro Psico-homeopatia, cap. 16, págs. 189-194, 2a edição, de autoria do bispo Moreno, publicado em Belo Horizonte, pela Editora Health, em 1999]

O intérprete é o Vansan,VÍDEO, CRIADO POR SANDRA REGINA COSTA (VALENÇA/RJ), COM INSPIRAÇÃO NA LINDA MÚSICA "QUANTA LUZ" , PARA HARMONIZAR AMBIENTES NA PREPARAÇÃO PARA O RECEBIMENTO DOS ENSINAMENTOS DE JESUS. PODE SER UTILIZADO POR TODAS AS RELIGIÕES E IDADES.


MARIA LOPES DE ANDRADE
PRESIDENTE DO INSTITUTO DE TERAPIAS ALTERNATIVAS MARIA LOPES
Jornalista, Acupunturista e Homeopata não Médica com Curso pala Univerdidade Federal de Viçosa.
Membro da Ordem dos Jornalistas do Brasil
Consultora Integrativa, atende há mais de 25 anos em Maricá - RJ.
Registrada como Divulgadora do Conhecimento sobre
Ciência da Homeopatia - Universidade Federal de Viçosa - MG -Brasil.
Contato: marialopesdeandrade.lopes034@gmail.com.br

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