Instituto de Investigação em Saúde traça mapa da sobrevivência dos idosos na Europa
Quarta, 17 Fevereiro, 2016 - 14:43
O norte da Espanha, nordeste da Itália, e sul e oeste da França são as regiões da Europa onde os idosos têm uma vida mais prolongada, ao contrário da Holanda, Escandinávia ou Reino Unido, revela um estudo do i3S.
A investigação concluiu que “o Reino Unido tem mesmo a maior concentração de população nas regiões onde a idade de sobrevivência é mais baixa”.
Uma equipa do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) traçou um mapa com o cenário de sobrevivência no continente europeu durante os últimos 20 anos, tendo encontrado grandes variações na sobrevivência dos idosos dos diferentes países.
O trabalho, publicado no Journal of Epidemiology and Community Health, analisa, com base nos censos, a taxa de sobrevivência ao fim de 10 anos da população na faixa etária de 75 a 84 anos de idade para avaliar os que atingem a faixa de 85 a 94 anos de idade.
Uma das autoras do estudo, Ana Isabel Ribeiro salienta, num comunicado enviado à Lusa, que “o mais provável é que os padrões observados resultem da combinação de dois fatores: a pobreza, que explica a baixa longevidade em Portugal, sul de Espanha e de Itália, ou nas regiões pós-industriais, por exemplo; ou comportamentos pouco saudáveis, como o tabaco ou má alimentação, que explicariam a baixa taxa de sobrevivência em determinadas áreas como a Escandinávia ou a Holanda”.
A equipa, liderada por Fátima Pinto, salienta que tendo em conta que a idade de sobrevivência contribui para os cálculos de esperança de vida das regiões, “estes dados acabam por ser muito importantes para a gestão das dinâmicas sociais numa Europa envelhecida”.
Em média, a proporção de população compreendida entre os 75 e os 84 anos em 2001 que sobreviveu mais 10 anos foi de 27% para os homens e 40% para as mulheres. Em 2011, o rácio de sobrevivência aumentou consideravelmente, atingindo 34% para os homens e 47% nas mulheres.
Contudo, como o estudo demonstra, existe uma enorme diferença geográfica na taxa de sobrevivência nos dois períodos. Em 2001 havia 27 regiões onde uma maior proporção de homens sobrevivia até 85 a 94 anos (acima de 34%) e 31 regiões onde a proporção era mais baixa (abaixo dos 21%).
Os locais onde os homens idosos tiveram a vida mais prolongada foi em Salamanca, Andorra e Genebra. Pelo contrário, Glasgow, Manchester, Liverpool, ou Londres (todas no Reino Unido), assim como as áreas industriais de mineração no norte de França, foram as áreas onde a taxa de sobrevivência dos homens idosos foi mais baixa.
Os investigadores verificaram que em 2011 o cenário foi ligeiramente diferente. As regiões com taxa de sobrevivência elevada nos homens (acima dos 41%) eram já 49; as de baixa taxa de sobrevivência (abaixo dos 21%) eram 24. Em termos geográficos, as áreas de elevada sobrevivência em 2001 mantiveram-se as mesmas e a elas juntaram-se o oeste e o sul da França.
Do mesmo modo, as áreas altamente industrializadas do Reino Unido, a zona fronteiriça entre França e a Bélgica, bem como o sul de Limburgo na Holanda ou Copenhaga na Dinamarca, mantiveram as taxas de sobrevivência muito baixas.
No caso das mulheres, em 2001, verificou-se uma taxa de sobrevivência elevada (acima dos 48%) em 45 regiões e apenas 35 onde a taxa era baixa (abaixo dos 32%).
Geograficamente, a distribuição é muito similar à dos homens com variação positiva no nordeste de Itália, e negativa no sul de Espanha, região de Nápoles e Sicília. Por sua vez, em 2011 já eram 102 as regiões com elevada taxa de sobrevivência (acima dos 56%) mas o número com taxa muito baixa (abaixo do 39%) também aumentou para 50.
Também neste ano, a distribuição geográfica das taxas foi muito similar à dos homens, mas assistiu-se a “uma enorme diminuição” da taxa de sobrevivência das mulheres idosas no nordeste de Itália.
Muitos fatores influenciam a idade de sobrevivência dos idosos, dizem os investigadores, incluindo fatores genéticos, estilos de vida, poluição, assim como o acesso a cuidados de saúde. Uma das causas mais frequentes no desfecho destes casos, acima dos 85 anos, são as doenças cardiovasculares, responsáveis por 4 em cada 10 mortes no espaço europeu.
O registo abrangeu 313. 296.725 pessoas e teve em conta 4.404 pequenas áreas de 18 países da Europa.
A Grécia, Chipre, Alemanha e Irlanda, bem como os recém-estados membros da UE foram excluídos da análise conduzida pela equipa do Porto devido à indisponibilidade de dados sobre a população muito idosa desses países.
Outros países não pertencentes à UE, como a Noruega, a Suíça, Andorra, Lichtenstein e San Marino foram incluídos por fazerem fronteira com o espaço comunitário.
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