INSTITUTO DE TERAPIAS ALTERNATIVAS MARIA LOPES
ESTUDO SOBRE ARNICA MONTANA
Arnica Montana é uma planta da família das compostas, que não cresce senão a uma certa altitude (400 m. mínimo), às bordas das pradarias, dos caminhos e pastagens, e terrenos silicosos.
Muito comum nos Alpes, Morvan, Pirineos, Vosges, no Planalto Central, Alta Borgogna; é uma planta herbácea, vivaz, cujo caule pode atingir 60 cm. de altura, 30 ou 40 de media.
Termina por uma ou várias flores amarelas com um odor um pouco acre e esternutório. As flores de Arnica são empregadas desde a Idade Média como vulnerarão.
Na medicina clássica, emprega-se somente a flor. Na Homeopatia, emprega-se a planta inteira recolhida no momento da floração, desembaraçando-a dos pequenos insetos que aí se encontram frequentemente, podendo alterar as propriedades terapêuticas.
ASSUNTO:
TOXICOLOGIA EXPERIMENTAÇÃO HOMEOPÁTICA
TRAUMATISMO
HEMORRAGIAS
HIPERSENSIBILIDADE
TRANSTORNOS CIRCULATÓRIOS
ESTADOS INFECCIOSOS E ADINÂMICOS
SISTEMA DIGESTIVO
SONO E MENTALIDADE
MODALIDADES
1. TOXICOLOGIA
Extrai-se de Arnica um princípio cristalizado de um belo amarelo ouro, sabor acre e amargo, pouco solúvel na água e de natureza alcalóidica: a Arnicina; uma essência complexa, concentrando éteres, ácido fórmico, acético, isobutírico, assim como uma quinona.
A Arnica é segundo Richaud um veneno paralisante medular cuja ação aproxima-se um pouco do curare: 3 cm3 do extrato fluido, em injeção subcutânea, matam uma cobaia. Em doses mais elevadas no homem, produz náuseas, vômitos e hemorragias.
Cazin estudou bem os efeitos tóxicos de Arnica; segundo ele os efeitos primários consistem em uma viva irritação digestiva; os efeitos secundários em uma excitação do cérebro e do sistema nervoso.
Se a dose intoxicante é mais forte, vê-se aparecer simultaneamente transtornos digestivos, nervosos e circulatórios. Há esforços de vômitos, uma ansiedade extrema, um sentimento de constrição no diafragma, em seguida sobrevém uma dispnéia mais ou menos intensa, delírio, abaixamento da velocidade do pulso que se torna cheio; em seguida suores frios, hemorragias, dejeções sanguinolentas, movimentos convulsivos nos membros e mesmo tremores de todo o corpo.
2. EXPERIMENTAÇÃO HOMEOPÁTICA
A experimentação homeopática confirmou esta toxicologia, acrescentando os sintomas subjetivos, fazendo uma síntese completa da ação do remédio. Arnica corresponde em homeopatia, primeiramente aos traumatismos e suas consequências, pelo fato que provoca um estado hemorrágico, criando em seguida um estado subjetivo de hipersensibilidade muito grande ao toque como encontramos nos traumatismos: um órgão contuso fica sensível e doloroso ao toque.
Corresponde também ao estado de intoxicação do organismo que criam os traumatismos. Os tecidos machucados, contusos ou mesmo destruídos pelo traumatismo, têm suas células dilaceradas ou esmagadas.
A substância intracelular espalha-se pelo organismo sob a forma de dejetos orgânicos tóxicos e mesmo sépticos, os grandes feridos estando em estado de choque. Arnica nas formas extremas corresponderá a este estado de choque, quer sejam traumática ou não, porque quando uma doença mesmo infecciosa, um estado circulatório ou outro, desenvolver este estado de choque, Arnica será o remédio na lei de semelhança.
Arnica é, porém mais que um remédio dos estados traumáticos: pelo seu poder hemorrágico altera profundamente a circulação. Corresponderá a transtornos circulatórios variados. Agindo sobre o tecido muscular que é um tecido constantemente traumatizado pelos esforços, poderá corresponder à fadiga, excessos físicos e notadamente à hipertrofia do coração, causada por estes excessos físicos ou consequência de uma hipertensão. Associando o estado hemorrágico, o esforço cardíaco e o transtorno circulatório na sua sintomatologia, torna-se um remédio da hipertensão e suas consequências: congestão, hemorragia cerebral, hemiplegia e mesmo coma.
O coma é de qualquer forma resultado de um traumatismo; Arnica junta-se aqui com Opium, Glononium e mesmo outros remédios deste estado. Vemos, pois que longe de ser somente um remédio dos traumatismos, Arnica será um grande remédio dos transtornos musculares, das hemorragias, da hipertensão, do coma, das doenças infecciosas em certos estados e mesmo um remédio mental quando o sujeito apresentar de uma forma marcada a mentalidade particular que corresponde a estes estados.
3. TRAUMATISMOS
O grande cavalo de batalha é evidentemente os traumatismos. Como vimos, eles reúnem na sua similitude o estado hemorrágico, as sufusões sangüíneas: equimoses azuis, petéquias, etc, a hipersensibilidade traumática, e mesmo o estado séptico que daí resulta.
A medicina popular, empregando Arnica como vulnerário, faz aqui uma homeopatia sem o saber, a dando “intus e extra”. Todo o traumatismo grande ou pequeno poderá necessitar de Arnica, e é o primeiro remédio a dar em casos de choques, pancadas, golpes, ferimentos, acidente, etc.
Será do mesmo modo aplicado quando o doente apresentar verdadeiramente os sintomas do remédio: estado constituusional local ou estado de choque geral, hipersensibilidade dolorosa local ou geral, agravação pelo contato, pelo toque, pela pressão e movimento, modificações circulatórias, cabeça congestionada com mãos e pés frios...
Dado em tempo útil impedirá a supuração, apressará a cicatrização das feridas e a reabsorção do sangue extravasado, diminuirá as dores e a hipersensibilidade, curando o doente em um tempo recorde. Em razão de sua ação muscular, Arnica será útil após uma sobrecarga física, esforço muito violento, longas marchas ou corridas, competições esportivas, os resultados de uma sobrecarga física qualquer, que são verdadeiros traumatismos para o músculo e suas bainhas tendinosas e aponeuróticas.
Nestes casos Rhus-Tox é seu complementar, pois age admiravelmente sobre o tecido tendinoso. Arnica será também útil após as intervenções cirúrgicas que são sempre traumatizantes para o organismo e após um parto, sempre traumatizante para a mulher. Para as hemorragias resultantes das intervenções e acalma as dores. É útil após uma avulsão dentária e para deter a hemorragia que daí resulta. Será útil para reabsorver os hematomas e para a cicatrização das fraturas, sempre provocadas por um traumatismo. Arnica será útil em todas as afecções que são consequências próximas ou não de traumatismos. É assim para os tumores do seio, mesmo tumores cirrosos, que sobrevêm em seguida de um golpe no seio, Arnica pode ser um remédio eficaz. Esta eficácia é também nas afecções nervosas como a coréia, quando é conseqüência de uma queda. Arnica convém às pessoas que são extremamente sensíveis aos traumatismos e sentem os efeitos muito tempo após.
4. HEMORRAGIAS
Arnica em doses tóxicas provoca extravasões sanguíneas ao nível dos capilares, curando-as em lei de semelhança: contusões, equimoses, petéquias, manchas purpúreas, “azuis”, etc... Corresponde a todas hemorragias decorrentes de um traumatismo: sangramento do nariz em seguida de um golpe ou queda, sangramento após avulsão dentária, parto ou operação, expectoração sanguinolenta em seguida de um traumatismo ou simplesmente quando a tosse torna-se suficientemente violenta como traumatizante: hemoptise em seguida de uma quinta de tosse muito violenta ou de um esforço. Rhus-t é aqui ainda seu complementar.
“O doente de Arnica sangra facilmente” escreve Kent. “Seus vasos são relaxados e tem uma expectoração fácil. Em fortes doses, Arnica apresentará manchas equimóticas azuis, que se tornam amareladas devido a extravasão trans -capilar. Os” azuis “produzem-se sobre a pele e mucosas, sangrando com muita facilidade. As regiões inflamadas sangram. O mucos que é expectorado do peito e da garganta está estriado de sangue grosso como cabeça de alfinete. A urina contém sangue, havendo hemorragias por todos os orifícios do corpo. Há um tônus insuficiente nas fibras dos vasos para reter o sangue no interior das paredes arteriais, e produz-se a ressudação”. A hemorragia uterina, intestinal e urinária, quer sejam consequências de um traumatismo imediato, ou longínquo, beneficiar-se-ão de Arnica. Um outro remédio pertencendo à mesma família das compostas mostra-se soberano nas hematúrias: é Senecio Aureus.
Arnica pode ter hemorragias uterinas entre os períodos menstruais, geralmente acompanhadas por náuseas. É útil quando a mulher sangra ao menor contato ou após o coito.
A hemorragia mais grave de todas e a mais perigosa é evidentemente a hemorragia cerebral. Aqui, assistimos a extravasão sanguínea, ou choque traumático tocando diretamente o cérebro,a um estado de estupor nervoso ou mesmo ao coma. As pequenas hemorragias discretas que são conseqüências de uma outra doença, não constituindo senão um sintoma secundário deve fazer-nos pensar em Arnica como remédio.
A hemorragia aqui é o sintoma que revela que a doença é traumatizante. Típico neste ponto de vista é a coqueluche.
Vemos muitas vezes no curso da coqueluche uma hemorragia subconjuntival aparecer no olho da criança, ou o mucos que escarra é sanguinolento. A criança torna-se hipersensível e tem medo que a toquem.
Ela “medita sua quinta” e evita o traumatismo que daí pode advir. Arnica será o remédio de uma tal coqueluche. Na coqueluche que chama Arnica a criança vomita tanto sanguinolento como negro, o sangue tendo estado em presença do ácido clorídrico do estômago. A tosse de Arnica, mesmo não sanguinolenta pode sobrevir em seguida de esforços prolongados, após ter falado ou gritado, nos oradores, conferencistas, professores, etc. Muitas vezes acompanhada ou precedida de afonia. Tosse falando, chorando ou gritando.
5. HIPERSENSIBILIDADE
Uma das grandes características de Arnica é a sua hipersensibilidade ao contato, à pressão, ao toque. Um traumatizado tem medo que toquem o lugar afetado, contuso. É de uma sensibilidade esquisita. Pela aplicação da lei de semelhança, toda vez que tivermos uma afecção traumática ou não, que dê esta sensibilidade esquisita desenvolvendo agravação pelo toque e a mentalidade conseqüente traduzida pelo medo de ser tocado, Arnica será o remédio Muitas afecções não traumáticas têm este sintoma, que pode tornar-se mesmo, um sintoma mental. É assim notadamente na apendicite aguda. Arnica é aqui próximo de Belladona, este último receia em mais alto grau os choques transmitidos: sacode-se o leito, se tocam o leito, sacolejando nos carros etc.
Kent escreveu: “vocês não terão necessidade de procurar um cirurgião para cada caso de apendicite se conhecerem bem Bryonia, Rhus Tox, Belladona, Arnica e os remédios similares. Eles curarão o caso. Mas se não os conhecerem, deveremos abrir o ventre e extirpar o apêndice”. Kent acrescenta: “É somente uma deplorável ignorância que faz com que a apendicite deva ser curada pelo bisturi”.
A hipersensibilidade de Arnica a faz útil nos casos de reumatismos, tanto agudos como crônicos. Há uma fraqueza, um dolorimento e uma sensação alquebrante. Um dos grandes “keynotes” de Arnica é esta sensação alquebrante, de contusão; de haver sido batido, machucado, pisado. No reumatismo agudo ou subagudo o doente está machucado, as articulações inchadas, dolorosas e tem medo que o toquem. Arnica convém às entorses do joelho e tornozelos, às distensões, curando em tempo recorde. Age melhor dando interiormente que em compressas. Rhus tox o seguirá para agir sobre os ligamentos e terminar rapidamente a cura. Enfim, segundo Kent, se a articulação permanece dolorosa após Rhus tox, Calcarea Carbônica terminará o caso.
Arnica é também útil no reumatismo crônico dos velhos gotosos, quando um velho reumático faz uma “poussé” aguda, com articulações dolorosas e grande sensibilidade; o paciente não podendo ser tocado. Um outro remédio que teme ser tocado é Thuya, mas este não apresenta uma sensibilidade local tão marcada; ele tem transtornos sinestésicos, tem a impressão de ser frágil e que vai se quebrar. A “nuance” mental é nitidamente diferente. Esta hipersensibilidade de Arnica torna a vida insuportável quando está deitado. Toda a parte do corpo sobre a qual ele se deita torna-se dolorosa e é obrigado a mudar de posição. Tem a sensação de estar moído, contuso, batido, o que o obriga a mudar de posição. Ele dirá que o leito parece muito duro e por isso tem que se movimentar sem cessar. Ainda aqui é próximo de Rhus Tox.Consciente ou não, dormindo ou não, movimenta-se sem cessar, virando de um lado para outro no leito. Não importa que doença, se o paciente queixar-se que o seu leito é muito duro, procuremos outros sintomas de Arnica. No curso da gravidez, Arnica será útil quando a mulher tem uma hipersensibilidade excessiva aos movimentos do feto, sendo dolorosos e insuportáveis. Pode ter a sensação que a criança está atravessada. Os movimentos do feto são tão dolorosos que a acordam à noite. Não é que a criança movimente-se exageradamente, mas a mulher que é sensível a estes movimentos.Arnica curará esta sensibilidade.
6. TRANSTORNOS CIRCULATÓRIOS
Por sua correspondência com esforços musculares repetidos e muito acentuados, Arnica vai corresponder ao estado de eretismo cardíaco que lhe segue. Quando esforços repetidos, o esporte, etc., o solicitam, o coração começa acelerando sua ação, aumentando a sua tensão arterial e hipertrofiando a sua musculatura. Arnica corresponderá, pois a este primeiro estado de hipertrofia cardíaca, devido ao esforço e a hipertensão devida a esta hipertrofia. Mas se os esforços acabam forçando o coração, este vai sofrer, finalmente se relaxando. Teremos então as palpitações, os batimentos desordenados, as dores no coração e finalmente a opressão.
Isto pode levar ao relaxamento completo, picadas no coração, um pulso débil e irregular, com mesmo hidropisia. Tudo isto acompanhando dos sintomas gerais do remédio e freqüentemente da etiologia: esforço muito excessivo. A circulação defeituosa que daí resulta se traduz no primeiro estágio pela hipertensão, congestão da cabeça, cefaléias pulsáteis, e mesmo vertigens andando. Acompanha-se freqüentemente das extremidades frias, a cabeça quente e congestionada enquanto as mãos e os pés estão frios. Ruídos nos ouvidos e uma hipersensibilidade ao ruído que é provocada pela congestão cefálica. O sintoma cabeça quente com pés e mãos frias é um keynote de Arnica. Às vezes o corpo inteiro está frio salvo a cabeça que está quente. Sempre devemos procurar petéquias e equimoses, que é um sinal objetivo de Arnica. Enfim, a hipertrofia muscular do coração desenvolvendo conjuntamente uma hipertrofia da túnica vascular dos grandes vasos pode conduzir a aortite e a angina do peito e dores irradiando-se ao braço e cotovelo esquerdos.
7. ESTADOS INFECCIOSOS E ADINÂMICOS
Um traumatismo importante determina na pessoa que é vítima, um estado se choque podendo ir até a prostração a mais completa, a inconsciência e mesmo o coma. Mas as doenças infecciosas podem agir da mesma forma e intoxicar o sistema nervoso do indivíduo à maneira de um traumatismo. Num traumatismo grave, existe uma descarga de toxinas celulares, histamina e outros produtos de desintegração das albuminas intracelulares. Podemos encontrar diferentes causas provocando o mesmo estado. Isto pode ser encontrado na escarlatina quando a erupção sai mal ou nas formas graves onde a erupção toma uma coloração escura, equimótica, violácea; o paciente está agitado e move-se constantemente; o estado mental oscila entre o mau humor e a estupidez. Na erisipela, quando há o estado mental do remédio, a sensação de contusão e outras características do remédio,
Arnica pode ser usada e um velho farmacêutico relatou que cada vez que recolhia a Arnica para uma provisão, fazia uma erisipela. Em outras doenças, notadamente a pneumonia, Arnica será útil se as grandes características estão presentes: leito muito duro, temor de ser tocado, cabeça quente com as extremidades frias, expectorações sangrantes... A putridez é uma outra característica de Arnica, frequente nos estados graves, podendo existir fora deles também. As fezes são extremamente fétidas, há uma diarreia noturna, e mesmo fezes involuntárias à noite. Podem se negras, acompanhadas de vômitos negros. As urinas podem ser sanguinolentas, negras, escuras, cor de tinta. É ácida e tem um peso específico elevado, tem violentas dores nos rins, “em golpe de punho”. Pode haver inflamação dos rins e da bexiga. Pode ser útil em casos de retenção de urina, consecutiva a esforços ou um traumatismo, parto, contusão do cérebro ou algum outro acidente. As fezes, as urinas, os ventos, os vômitos, podem mostrar a putridez particular de Arnica. O estado de estupor pode ser levado até o coma.
Aqui é geralmente o coma traumático que indica Arnica, golpe ou queda na cabeça, congestão cerebral, ictus cerebral, ictus apopléctico, tudo o que traumatiza o cérebro e pode torná-lo inconsciente. Devemos aqui distinguir o remédio dos outros remédios da inconsciência, notadamente o Opium do qual é muito próximo.
8. SISTEMA DIGESTIVO
Os sintomas digestivos são em Arnica, relegados a um segundo plano.
Os traumatismos, e as infecções, os transtornos circulatórios e nervosos que correspondem ao remédio não tocam este sistema senão por ação secundária. Entretanto os experimentadores revelam sintomas digestivos bem marcados na ingestão “per os”. Nos traumatismos graves podemos ver muitas vezes náuseas e vômitos, começando por eructações pútridas ou fétidas. Seu hálito é ofensivo, odor de ovos podres; ele eructa, em seguida têm náuseas, vomitando tudo que comeu, podendo este vômito ser estriado de sangue ou sanguinolento.
Vomita também coágulos, coisas amargas e os vômitos podem se mesmo negros como tinta e pútridos. Pode sentir uma pressão no estômago ou uma sensação de uma pedra sobre o estômago. Às vezes tem uma sensação como se o estômago fosse empurrado para trás por uma corda pressionando a coluna vertebral; isto se acompanha geralmente dos outros sintomas do remédio. O doente não tem apetite, tem um desgosto pela carne e leite, correspondendo a uma repulsão para os alimentos albuminosos. Intoxicado pelas albuminas intracelulares liberadas pelo traumatismo e jogadas na circulação, defende-se repelindo a ingestão de alimentos albuminosos. Tem muita sede, como muitos remédios hemorrágicos, o desperdício de sangue criando sempre a sede. Tem sede, sobretudo quando resfria, podendo fora dos calafrios estar sem sede. Enfim, deseja às vezes ácidos e vinagre, que impedem a putrefação intestinal. Arnica pode então se tornar um remédio da dispepsia quando estes desejos e aversões estão presentes, havendo esta putridez e quando as modalidades gerais correspondem.
9. SONO E MENTALIDADE
O sono e a mentalidade de um doente são sempre reflexos de seu estado físico. O nosso psiquismo acaba sempre se colocando em diapasão com as nossas misérias corporais. Um traumatizado, machucado, contuso, temendo que o toquem, começa por dormir mal, não podendo permanecer deitado no mesmo lugar, agitando-se e mexendo-se constantemente procurando uma posição melhor. Seu sono será mau, agitado, cheio de pesadelos e sonhos penosos. Sonha com água salgada, quedas, ladrões, acidentes. Tem terrores noturnos, acorda bruscamente à noite, assustado, temendo que uma catástrofe ou acidente lhe aconteça. Acorda, apoiando a sua região cardíaca, com medo súbito de morrer em alguns instantes e “grita para procurarem um médico”. Isto se repete às vezes todas as noites e chegando o dia está menos angustiado. Encontramos isto periodicamente nos cardíacos e certas doentes que sofrem de angor pectoris. Pode-se ver também em vítimas de acidentes que revivem constantemente em sonhos este acidente, acordando com um terror intenso.
Arnica á aqui próximo de Opium, pelos maus efeitos do medo. A mentalidade será impregnada de tristeza, o sujeito será resmungão, rabugento, melancólico, teimoso..
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Devido à sensação de lesado, procura antes de tudo que o deixem tranquilo, em paz. Não quer que lhe falem, deseja ficar só. Não quer, sobretudo que se aproximem dele ou lhe toquem, não desejando ser tocado devido à sua sensibilidade excessiva. Quando no plano mental este sintoma é bem marcado, Arnica será o remédio; podemos mesmo encontrá-lo sem a contrapartida física, que normalmente é a causa.
Nestes casos o doente isola-se, este medo de ser tocado torna-se uma psicose, o doente não quer mais sair, evita contatos, podendo chegar até a agorafobia.
Num estado mais avançado de prostração, no curso dos estados de choque e doenças adinâmicas, o doente está sonolento, em um estado próximo do estupor; à pena responde as questões, dormindo às vezes quando responde, como Baptisia. Este estupor irá até a inconsciência com perda involuntária de urinas e matérias, um estado de coma após um choque, uma congestão, ou no curso de uma grave doença infecciosa. Encontramos novamente Opium neste estado de prostração e insensibilidade cerebral.
10. MODALIDADES
A modalidade principal é a agravação pelo contato. Pelo toque, pressão, o temor de ser tocado e mesmo aproximado. Agravado pelo movimento, entretanto não pode ficar tranquilo, mexendo-se sem cessar, pois a mudança de posição o melhora. A imobilidade agrava, pelo dolorimento das partes sobre as quais está sentado ou deitado. O frio úmido agrava também, assim como o vinho, pois não está em estado de reagir aos efeitos estimulantes e em razão dos transtornos digestivos, como Antimonium crudum, Zincum, Lycopodium etc.
MARIA LOPES DE ANDRADE
PRESIDENTE
Jornalista especializada em Terapias Integrativas,Acupunturista e Homeopata não Médica com Curso pela Universidade Federal de Viçosa - Minas Gerais- Brasil.Participei do CBO 2000 a convite doMTE Ministerio do Trabalho e Emprego
ESTUDO SOBRE ARNICA MONTANA
Arnica Montana é uma planta da família das compostas, que não cresce senão a uma certa altitude (400 m. mínimo), às bordas das pradarias, dos caminhos e pastagens, e terrenos silicosos.
Muito comum nos Alpes, Morvan, Pirineos, Vosges, no Planalto Central, Alta Borgogna; é uma planta herbácea, vivaz, cujo caule pode atingir 60 cm. de altura, 30 ou 40 de media.
Termina por uma ou várias flores amarelas com um odor um pouco acre e esternutório. As flores de Arnica são empregadas desde a Idade Média como vulnerarão.
Na medicina clássica, emprega-se somente a flor. Na Homeopatia, emprega-se a planta inteira recolhida no momento da floração, desembaraçando-a dos pequenos insetos que aí se encontram frequentemente, podendo alterar as propriedades terapêuticas.
ASSUNTO:
TOXICOLOGIA EXPERIMENTAÇÃO HOMEOPÁTICA
TRAUMATISMO
HEMORRAGIAS
HIPERSENSIBILIDADE
TRANSTORNOS CIRCULATÓRIOS
ESTADOS INFECCIOSOS E ADINÂMICOS
SISTEMA DIGESTIVO
SONO E MENTALIDADE
MODALIDADES
1. TOXICOLOGIA
Extrai-se de Arnica um princípio cristalizado de um belo amarelo ouro, sabor acre e amargo, pouco solúvel na água e de natureza alcalóidica: a Arnicina; uma essência complexa, concentrando éteres, ácido fórmico, acético, isobutírico, assim como uma quinona.
A Arnica é segundo Richaud um veneno paralisante medular cuja ação aproxima-se um pouco do curare: 3 cm3 do extrato fluido, em injeção subcutânea, matam uma cobaia. Em doses mais elevadas no homem, produz náuseas, vômitos e hemorragias.
Cazin estudou bem os efeitos tóxicos de Arnica; segundo ele os efeitos primários consistem em uma viva irritação digestiva; os efeitos secundários em uma excitação do cérebro e do sistema nervoso.
Se a dose intoxicante é mais forte, vê-se aparecer simultaneamente transtornos digestivos, nervosos e circulatórios. Há esforços de vômitos, uma ansiedade extrema, um sentimento de constrição no diafragma, em seguida sobrevém uma dispnéia mais ou menos intensa, delírio, abaixamento da velocidade do pulso que se torna cheio; em seguida suores frios, hemorragias, dejeções sanguinolentas, movimentos convulsivos nos membros e mesmo tremores de todo o corpo.
2. EXPERIMENTAÇÃO HOMEOPÁTICA
A experimentação homeopática confirmou esta toxicologia, acrescentando os sintomas subjetivos, fazendo uma síntese completa da ação do remédio. Arnica corresponde em homeopatia, primeiramente aos traumatismos e suas consequências, pelo fato que provoca um estado hemorrágico, criando em seguida um estado subjetivo de hipersensibilidade muito grande ao toque como encontramos nos traumatismos: um órgão contuso fica sensível e doloroso ao toque.
Corresponde também ao estado de intoxicação do organismo que criam os traumatismos. Os tecidos machucados, contusos ou mesmo destruídos pelo traumatismo, têm suas células dilaceradas ou esmagadas.
A substância intracelular espalha-se pelo organismo sob a forma de dejetos orgânicos tóxicos e mesmo sépticos, os grandes feridos estando em estado de choque. Arnica nas formas extremas corresponderá a este estado de choque, quer sejam traumática ou não, porque quando uma doença mesmo infecciosa, um estado circulatório ou outro, desenvolver este estado de choque, Arnica será o remédio na lei de semelhança.
Arnica é, porém mais que um remédio dos estados traumáticos: pelo seu poder hemorrágico altera profundamente a circulação. Corresponderá a transtornos circulatórios variados. Agindo sobre o tecido muscular que é um tecido constantemente traumatizado pelos esforços, poderá corresponder à fadiga, excessos físicos e notadamente à hipertrofia do coração, causada por estes excessos físicos ou consequência de uma hipertensão. Associando o estado hemorrágico, o esforço cardíaco e o transtorno circulatório na sua sintomatologia, torna-se um remédio da hipertensão e suas consequências: congestão, hemorragia cerebral, hemiplegia e mesmo coma.
O coma é de qualquer forma resultado de um traumatismo; Arnica junta-se aqui com Opium, Glononium e mesmo outros remédios deste estado. Vemos, pois que longe de ser somente um remédio dos traumatismos, Arnica será um grande remédio dos transtornos musculares, das hemorragias, da hipertensão, do coma, das doenças infecciosas em certos estados e mesmo um remédio mental quando o sujeito apresentar de uma forma marcada a mentalidade particular que corresponde a estes estados.
3. TRAUMATISMOS
O grande cavalo de batalha é evidentemente os traumatismos. Como vimos, eles reúnem na sua similitude o estado hemorrágico, as sufusões sangüíneas: equimoses azuis, petéquias, etc, a hipersensibilidade traumática, e mesmo o estado séptico que daí resulta.
A medicina popular, empregando Arnica como vulnerário, faz aqui uma homeopatia sem o saber, a dando “intus e extra”. Todo o traumatismo grande ou pequeno poderá necessitar de Arnica, e é o primeiro remédio a dar em casos de choques, pancadas, golpes, ferimentos, acidente, etc.
Será do mesmo modo aplicado quando o doente apresentar verdadeiramente os sintomas do remédio: estado constituusional local ou estado de choque geral, hipersensibilidade dolorosa local ou geral, agravação pelo contato, pelo toque, pela pressão e movimento, modificações circulatórias, cabeça congestionada com mãos e pés frios...
Dado em tempo útil impedirá a supuração, apressará a cicatrização das feridas e a reabsorção do sangue extravasado, diminuirá as dores e a hipersensibilidade, curando o doente em um tempo recorde. Em razão de sua ação muscular, Arnica será útil após uma sobrecarga física, esforço muito violento, longas marchas ou corridas, competições esportivas, os resultados de uma sobrecarga física qualquer, que são verdadeiros traumatismos para o músculo e suas bainhas tendinosas e aponeuróticas.
Nestes casos Rhus-Tox é seu complementar, pois age admiravelmente sobre o tecido tendinoso. Arnica será também útil após as intervenções cirúrgicas que são sempre traumatizantes para o organismo e após um parto, sempre traumatizante para a mulher. Para as hemorragias resultantes das intervenções e acalma as dores. É útil após uma avulsão dentária e para deter a hemorragia que daí resulta. Será útil para reabsorver os hematomas e para a cicatrização das fraturas, sempre provocadas por um traumatismo. Arnica será útil em todas as afecções que são consequências próximas ou não de traumatismos. É assim para os tumores do seio, mesmo tumores cirrosos, que sobrevêm em seguida de um golpe no seio, Arnica pode ser um remédio eficaz. Esta eficácia é também nas afecções nervosas como a coréia, quando é conseqüência de uma queda. Arnica convém às pessoas que são extremamente sensíveis aos traumatismos e sentem os efeitos muito tempo após.
4. HEMORRAGIAS
Arnica em doses tóxicas provoca extravasões sanguíneas ao nível dos capilares, curando-as em lei de semelhança: contusões, equimoses, petéquias, manchas purpúreas, “azuis”, etc... Corresponde a todas hemorragias decorrentes de um traumatismo: sangramento do nariz em seguida de um golpe ou queda, sangramento após avulsão dentária, parto ou operação, expectoração sanguinolenta em seguida de um traumatismo ou simplesmente quando a tosse torna-se suficientemente violenta como traumatizante: hemoptise em seguida de uma quinta de tosse muito violenta ou de um esforço. Rhus-t é aqui ainda seu complementar.
“O doente de Arnica sangra facilmente” escreve Kent. “Seus vasos são relaxados e tem uma expectoração fácil. Em fortes doses, Arnica apresentará manchas equimóticas azuis, que se tornam amareladas devido a extravasão trans -capilar. Os” azuis “produzem-se sobre a pele e mucosas, sangrando com muita facilidade. As regiões inflamadas sangram. O mucos que é expectorado do peito e da garganta está estriado de sangue grosso como cabeça de alfinete. A urina contém sangue, havendo hemorragias por todos os orifícios do corpo. Há um tônus insuficiente nas fibras dos vasos para reter o sangue no interior das paredes arteriais, e produz-se a ressudação”. A hemorragia uterina, intestinal e urinária, quer sejam consequências de um traumatismo imediato, ou longínquo, beneficiar-se-ão de Arnica. Um outro remédio pertencendo à mesma família das compostas mostra-se soberano nas hematúrias: é Senecio Aureus.
Arnica pode ter hemorragias uterinas entre os períodos menstruais, geralmente acompanhadas por náuseas. É útil quando a mulher sangra ao menor contato ou após o coito.
A hemorragia mais grave de todas e a mais perigosa é evidentemente a hemorragia cerebral. Aqui, assistimos a extravasão sanguínea, ou choque traumático tocando diretamente o cérebro,a um estado de estupor nervoso ou mesmo ao coma. As pequenas hemorragias discretas que são conseqüências de uma outra doença, não constituindo senão um sintoma secundário deve fazer-nos pensar em Arnica como remédio.
A hemorragia aqui é o sintoma que revela que a doença é traumatizante. Típico neste ponto de vista é a coqueluche.
Vemos muitas vezes no curso da coqueluche uma hemorragia subconjuntival aparecer no olho da criança, ou o mucos que escarra é sanguinolento. A criança torna-se hipersensível e tem medo que a toquem.
Ela “medita sua quinta” e evita o traumatismo que daí pode advir. Arnica será o remédio de uma tal coqueluche. Na coqueluche que chama Arnica a criança vomita tanto sanguinolento como negro, o sangue tendo estado em presença do ácido clorídrico do estômago. A tosse de Arnica, mesmo não sanguinolenta pode sobrevir em seguida de esforços prolongados, após ter falado ou gritado, nos oradores, conferencistas, professores, etc. Muitas vezes acompanhada ou precedida de afonia. Tosse falando, chorando ou gritando.
5. HIPERSENSIBILIDADE
Uma das grandes características de Arnica é a sua hipersensibilidade ao contato, à pressão, ao toque. Um traumatizado tem medo que toquem o lugar afetado, contuso. É de uma sensibilidade esquisita. Pela aplicação da lei de semelhança, toda vez que tivermos uma afecção traumática ou não, que dê esta sensibilidade esquisita desenvolvendo agravação pelo toque e a mentalidade conseqüente traduzida pelo medo de ser tocado, Arnica será o remédio Muitas afecções não traumáticas têm este sintoma, que pode tornar-se mesmo, um sintoma mental. É assim notadamente na apendicite aguda. Arnica é aqui próximo de Belladona, este último receia em mais alto grau os choques transmitidos: sacode-se o leito, se tocam o leito, sacolejando nos carros etc.
Kent escreveu: “vocês não terão necessidade de procurar um cirurgião para cada caso de apendicite se conhecerem bem Bryonia, Rhus Tox, Belladona, Arnica e os remédios similares. Eles curarão o caso. Mas se não os conhecerem, deveremos abrir o ventre e extirpar o apêndice”. Kent acrescenta: “É somente uma deplorável ignorância que faz com que a apendicite deva ser curada pelo bisturi”.
A hipersensibilidade de Arnica a faz útil nos casos de reumatismos, tanto agudos como crônicos. Há uma fraqueza, um dolorimento e uma sensação alquebrante. Um dos grandes “keynotes” de Arnica é esta sensação alquebrante, de contusão; de haver sido batido, machucado, pisado. No reumatismo agudo ou subagudo o doente está machucado, as articulações inchadas, dolorosas e tem medo que o toquem. Arnica convém às entorses do joelho e tornozelos, às distensões, curando em tempo recorde. Age melhor dando interiormente que em compressas. Rhus tox o seguirá para agir sobre os ligamentos e terminar rapidamente a cura. Enfim, segundo Kent, se a articulação permanece dolorosa após Rhus tox, Calcarea Carbônica terminará o caso.
Arnica é também útil no reumatismo crônico dos velhos gotosos, quando um velho reumático faz uma “poussé” aguda, com articulações dolorosas e grande sensibilidade; o paciente não podendo ser tocado. Um outro remédio que teme ser tocado é Thuya, mas este não apresenta uma sensibilidade local tão marcada; ele tem transtornos sinestésicos, tem a impressão de ser frágil e que vai se quebrar. A “nuance” mental é nitidamente diferente. Esta hipersensibilidade de Arnica torna a vida insuportável quando está deitado. Toda a parte do corpo sobre a qual ele se deita torna-se dolorosa e é obrigado a mudar de posição. Tem a sensação de estar moído, contuso, batido, o que o obriga a mudar de posição. Ele dirá que o leito parece muito duro e por isso tem que se movimentar sem cessar. Ainda aqui é próximo de Rhus Tox.Consciente ou não, dormindo ou não, movimenta-se sem cessar, virando de um lado para outro no leito. Não importa que doença, se o paciente queixar-se que o seu leito é muito duro, procuremos outros sintomas de Arnica. No curso da gravidez, Arnica será útil quando a mulher tem uma hipersensibilidade excessiva aos movimentos do feto, sendo dolorosos e insuportáveis. Pode ter a sensação que a criança está atravessada. Os movimentos do feto são tão dolorosos que a acordam à noite. Não é que a criança movimente-se exageradamente, mas a mulher que é sensível a estes movimentos.Arnica curará esta sensibilidade.
6. TRANSTORNOS CIRCULATÓRIOS
Por sua correspondência com esforços musculares repetidos e muito acentuados, Arnica vai corresponder ao estado de eretismo cardíaco que lhe segue. Quando esforços repetidos, o esporte, etc., o solicitam, o coração começa acelerando sua ação, aumentando a sua tensão arterial e hipertrofiando a sua musculatura. Arnica corresponderá, pois a este primeiro estado de hipertrofia cardíaca, devido ao esforço e a hipertensão devida a esta hipertrofia. Mas se os esforços acabam forçando o coração, este vai sofrer, finalmente se relaxando. Teremos então as palpitações, os batimentos desordenados, as dores no coração e finalmente a opressão.
Isto pode levar ao relaxamento completo, picadas no coração, um pulso débil e irregular, com mesmo hidropisia. Tudo isto acompanhando dos sintomas gerais do remédio e freqüentemente da etiologia: esforço muito excessivo. A circulação defeituosa que daí resulta se traduz no primeiro estágio pela hipertensão, congestão da cabeça, cefaléias pulsáteis, e mesmo vertigens andando. Acompanha-se freqüentemente das extremidades frias, a cabeça quente e congestionada enquanto as mãos e os pés estão frios. Ruídos nos ouvidos e uma hipersensibilidade ao ruído que é provocada pela congestão cefálica. O sintoma cabeça quente com pés e mãos frias é um keynote de Arnica. Às vezes o corpo inteiro está frio salvo a cabeça que está quente. Sempre devemos procurar petéquias e equimoses, que é um sinal objetivo de Arnica. Enfim, a hipertrofia muscular do coração desenvolvendo conjuntamente uma hipertrofia da túnica vascular dos grandes vasos pode conduzir a aortite e a angina do peito e dores irradiando-se ao braço e cotovelo esquerdos.
7. ESTADOS INFECCIOSOS E ADINÂMICOS
Um traumatismo importante determina na pessoa que é vítima, um estado se choque podendo ir até a prostração a mais completa, a inconsciência e mesmo o coma. Mas as doenças infecciosas podem agir da mesma forma e intoxicar o sistema nervoso do indivíduo à maneira de um traumatismo. Num traumatismo grave, existe uma descarga de toxinas celulares, histamina e outros produtos de desintegração das albuminas intracelulares. Podemos encontrar diferentes causas provocando o mesmo estado. Isto pode ser encontrado na escarlatina quando a erupção sai mal ou nas formas graves onde a erupção toma uma coloração escura, equimótica, violácea; o paciente está agitado e move-se constantemente; o estado mental oscila entre o mau humor e a estupidez. Na erisipela, quando há o estado mental do remédio, a sensação de contusão e outras características do remédio,
Arnica pode ser usada e um velho farmacêutico relatou que cada vez que recolhia a Arnica para uma provisão, fazia uma erisipela. Em outras doenças, notadamente a pneumonia, Arnica será útil se as grandes características estão presentes: leito muito duro, temor de ser tocado, cabeça quente com as extremidades frias, expectorações sangrantes... A putridez é uma outra característica de Arnica, frequente nos estados graves, podendo existir fora deles também. As fezes são extremamente fétidas, há uma diarreia noturna, e mesmo fezes involuntárias à noite. Podem se negras, acompanhadas de vômitos negros. As urinas podem ser sanguinolentas, negras, escuras, cor de tinta. É ácida e tem um peso específico elevado, tem violentas dores nos rins, “em golpe de punho”. Pode haver inflamação dos rins e da bexiga. Pode ser útil em casos de retenção de urina, consecutiva a esforços ou um traumatismo, parto, contusão do cérebro ou algum outro acidente. As fezes, as urinas, os ventos, os vômitos, podem mostrar a putridez particular de Arnica. O estado de estupor pode ser levado até o coma.
Aqui é geralmente o coma traumático que indica Arnica, golpe ou queda na cabeça, congestão cerebral, ictus cerebral, ictus apopléctico, tudo o que traumatiza o cérebro e pode torná-lo inconsciente. Devemos aqui distinguir o remédio dos outros remédios da inconsciência, notadamente o Opium do qual é muito próximo.
8. SISTEMA DIGESTIVO
Os sintomas digestivos são em Arnica, relegados a um segundo plano.
Os traumatismos, e as infecções, os transtornos circulatórios e nervosos que correspondem ao remédio não tocam este sistema senão por ação secundária. Entretanto os experimentadores revelam sintomas digestivos bem marcados na ingestão “per os”. Nos traumatismos graves podemos ver muitas vezes náuseas e vômitos, começando por eructações pútridas ou fétidas. Seu hálito é ofensivo, odor de ovos podres; ele eructa, em seguida têm náuseas, vomitando tudo que comeu, podendo este vômito ser estriado de sangue ou sanguinolento.
Vomita também coágulos, coisas amargas e os vômitos podem se mesmo negros como tinta e pútridos. Pode sentir uma pressão no estômago ou uma sensação de uma pedra sobre o estômago. Às vezes tem uma sensação como se o estômago fosse empurrado para trás por uma corda pressionando a coluna vertebral; isto se acompanha geralmente dos outros sintomas do remédio. O doente não tem apetite, tem um desgosto pela carne e leite, correspondendo a uma repulsão para os alimentos albuminosos. Intoxicado pelas albuminas intracelulares liberadas pelo traumatismo e jogadas na circulação, defende-se repelindo a ingestão de alimentos albuminosos. Tem muita sede, como muitos remédios hemorrágicos, o desperdício de sangue criando sempre a sede. Tem sede, sobretudo quando resfria, podendo fora dos calafrios estar sem sede. Enfim, deseja às vezes ácidos e vinagre, que impedem a putrefação intestinal. Arnica pode então se tornar um remédio da dispepsia quando estes desejos e aversões estão presentes, havendo esta putridez e quando as modalidades gerais correspondem.
9. SONO E MENTALIDADE
O sono e a mentalidade de um doente são sempre reflexos de seu estado físico. O nosso psiquismo acaba sempre se colocando em diapasão com as nossas misérias corporais. Um traumatizado, machucado, contuso, temendo que o toquem, começa por dormir mal, não podendo permanecer deitado no mesmo lugar, agitando-se e mexendo-se constantemente procurando uma posição melhor. Seu sono será mau, agitado, cheio de pesadelos e sonhos penosos. Sonha com água salgada, quedas, ladrões, acidentes. Tem terrores noturnos, acorda bruscamente à noite, assustado, temendo que uma catástrofe ou acidente lhe aconteça. Acorda, apoiando a sua região cardíaca, com medo súbito de morrer em alguns instantes e “grita para procurarem um médico”. Isto se repete às vezes todas as noites e chegando o dia está menos angustiado. Encontramos isto periodicamente nos cardíacos e certas doentes que sofrem de angor pectoris. Pode-se ver também em vítimas de acidentes que revivem constantemente em sonhos este acidente, acordando com um terror intenso.
Arnica á aqui próximo de Opium, pelos maus efeitos do medo. A mentalidade será impregnada de tristeza, o sujeito será resmungão, rabugento, melancólico, teimoso..
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Devido à sensação de lesado, procura antes de tudo que o deixem tranquilo, em paz. Não quer que lhe falem, deseja ficar só. Não quer, sobretudo que se aproximem dele ou lhe toquem, não desejando ser tocado devido à sua sensibilidade excessiva. Quando no plano mental este sintoma é bem marcado, Arnica será o remédio; podemos mesmo encontrá-lo sem a contrapartida física, que normalmente é a causa.
Nestes casos o doente isola-se, este medo de ser tocado torna-se uma psicose, o doente não quer mais sair, evita contatos, podendo chegar até a agorafobia.
Num estado mais avançado de prostração, no curso dos estados de choque e doenças adinâmicas, o doente está sonolento, em um estado próximo do estupor; à pena responde as questões, dormindo às vezes quando responde, como Baptisia. Este estupor irá até a inconsciência com perda involuntária de urinas e matérias, um estado de coma após um choque, uma congestão, ou no curso de uma grave doença infecciosa. Encontramos novamente Opium neste estado de prostração e insensibilidade cerebral.
10. MODALIDADES
A modalidade principal é a agravação pelo contato. Pelo toque, pressão, o temor de ser tocado e mesmo aproximado. Agravado pelo movimento, entretanto não pode ficar tranquilo, mexendo-se sem cessar, pois a mudança de posição o melhora. A imobilidade agrava, pelo dolorimento das partes sobre as quais está sentado ou deitado. O frio úmido agrava também, assim como o vinho, pois não está em estado de reagir aos efeitos estimulantes e em razão dos transtornos digestivos, como Antimonium crudum, Zincum, Lycopodium etc.
MARIA LOPES DE ANDRADE
PRESIDENTE
Jornalista especializada em Terapias Integrativas,Acupunturista e Homeopata não Médica com Curso pela Universidade Federal de Viçosa - Minas Gerais- Brasil.Participei do CBO 2000 a convite doMTE Ministerio do Trabalho e Emprego
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