TOXICIDADE DO CHUMBO
O chumbo é um metal cinza-azulado encontrado em pequenas quantidades na crosta terrestre, geralmente associado a minérios, principalmente aos que contêm zinco.
O chumbo possui um baixo ponto de fusão (327,5 °C), a ductibilidade e a facilidade de formar ligas, devido a essas características, o chumbo acabou sendo muito utilizado pelo homem, desde a antiguidade, para a confecção de utensílios domésticos, armas, adornos e etc. Tendo isso causado diversos casos de intoxicações ocupacionais e ambientais, pois a toxicidade do chumbo era desconhecida e, seu manuseio era precário.
Torneiras romanas de chumbo |
A toxicidade do chumbo teve seus primeiros relatos há mais de 2000 anos. No entanto, na primeira revolução industrial no século XVIII, quando a utilização do chumbo atingiu uma grande escala, os casos de intoxicação com o chumbo cresceram muito, pois às condições de manuseio do chumbo ainda eram precárias, sem conta, que muitas pessoas ainda não tinham o conhecimento da toxicidade do chumbo.
Hoje apesar de se ter maior conhecimento sobre a toxicidade do chumbo, ainda não tem como se proteger 100%, alguém que trabalha com seu manuseio, mas tem como evitar que o resíduo do chumbo contamine rios, lagos e mangues. No entanto, ainda acontecem algumas tragédias de contaminação, como no caso da COBRAC em Santo Amaro (Ba).
Foto da antiga Companhia Brasileira de Chumbo (COBRAC), responsável por transformar a cidade de Santo Amaro da Purificação (Bahia) em uma “cidade de chumbo”. |
COMO OCORRE A CONTAMINAÇÃO POR CHUMBO
O chumbo não apresenta nenhuma função fisiológica conhecida sobre o organismo de seres humanos e animais. Quando o chumbo entre em contato com o organismo, o mesmo não sofre metabolização, sendo complexado por macromoléculas, diretamente absorvido, distribuído e excretado.
As vias de contaminação podem ser a inalação de fumos e poeiras (mais importante do ponto de vista ocupacional) e a ingestão (através de água e alimentos contaminados). Apenas as formas organificadas do metal podem ser absorvidas via cutânea. O chumbo é bem absorvido por inalação e até 16% do chumbo ingerido por adultos pode ser absorvido. Em crianças, o percentual absorvido através da via digestiva é de 50%. Uma vez absorvido, o chumbo é distribuído para o sangue, onde tem meia-vida de 37 dias, nos tecidos moles, sua meia-vida é de 40 dias e nos ossos, sua meia-vida é de 27 anos, constituindo estes o maior depósito corporal do metal armazenando 90 a 95% do chumbo presente no corpo.
Bandas densas em metáfises de ossos longos de crianças expostas ambientalmente a chumbo (criança residente nas proximidades de fábrica de baterias). |
DOENÇA CAUSADA PELA INTOXICAÇÃO POR CHUMBO
O saturnismo (ou plumbismo) é o nome dado à intoxicação por chumbo, termo derivado do deus romano Saturno, que os romanos acreditavam ser quem lhes concedeu esse metal.
O saturnismo têm vários sintomas característicos, dependo da concentração de chumbo no sangue, e se a concentração de chumbo for muita alta acima de 100µg, pode causar até a morte da pessoa.
Os sintomas iniciais do saturnismo em uma leve exposição ao chumbo são frequentemente sutis e inespecíficos envolvendo o sistema nervoso (fadiga, irritabilidade, distúrbios do sono, cefaleia, dificuldades de concentração, redução da libido), sistema gastrointestinal (cólicas abdominais inespecíficas de fraca intensidade, anorexia, náusea, constipação intestinal, diarreia), dor em membros inferiores e morte do feto em caso de mulher gravida.
Já se a exposição for um pouco maior, esses sintomas podem evoluir em quadros crônicos de maior gravidade, que se manifestam por meio de nefropatia com gota (redução da eliminação de uratos) e insuficiência renal crônica, encefalopatia crônica com alterações cognitivas e de humor, e neuropatia periférica.
Já casos de intoxicações agudas decorrentes de exposições intensas por períodos curtos são excepcionais. Pois geralmente, os quadros agudos surgem no curso de intoxicações crônicas e se caracterizam por encefalopatia aguda (confusão mental, cefaleia, vertigens e tremores aos quais se seguem convulsões, delírio e coma), neuropatia periférica grave com paralisia de músculos cuja inervação foi fortemente atingida (geralmente o nervo radial).
Os quadros agudos podem cursar ainda com cólicas abdominais difusas de forte intensidade (muitas vezes acompanhadas de constipação intestinal, hipertensão arterial, ausência de leucocitose ou alterações no exame do abdome e excepcionalmente febre). Este último quadro, também chamado de cólica saturnina constitui uma importante forma de manifestação da intoxicação. São relatados ainda quadros de nefropatia aguda com tubulopatia proximal com aminoaciduria, fosfatúria e glicosuria , "síndrome de Fanconi".
Existem ainda estudos sobre a possibilidade de o chumbo causar câncer. Porem, os resultados ainda são inconclusivos.
REFERÊNCIAS
- Atenção à saúde dos trabalhadores expostos ao chumbo metálico / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006.
- http://www.infoescola.com/saude/intoxicacao-por-chumbo/ (Acessado em 03/07/2012 as 22:55)
- http://www.infoescola.com/elementos-quimicos/chumbo/ (Acessado em 24/07/2013 as 11:35)
- http://www.cetesb.sp.gov.br/userfiles/file/laboratorios/fit/chumbo.pdf (Acessado em 24/07/2013 as 12:36)
- http://ltc.nutes.ufrj.br/toxicologia/mX.chum.htm (Acessado em 24/07/2013 as 13:53)
- http://www.crq4.org.br/?p=texto.php&c=a_importancia_do_chumbo_na_historia (Acessado em 25/07/2013 as 14: 05)
https://www.engquimicasantossp.com.br/2012/07/toxicidade-do-chumbo.html
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